sábado, 22 de novembro de 2025

Lançamento: O ceifador negro, Bernard Capes

A Sociedade das Relíquias Literárias - SRL é um projeto da Editora Wish para viabilizar a tradução e publicação em ebook de textos raros de ficção fantástica internacional, resgatando assim obras desconhecidas de autores em domínio público, quase sempre inéditas em português. Uma assinatura mensal dá ao apoiador o direito de um novo ebook a cada mês, entre outras recompensas aditivas.
A relíquia de outubro é a novela de horror O ceifador negro (The black reaper), do escritor londrino Bernard Capes (1854-1918), publicada originalmente em 1899. O autor, vítimado pela gripe espanhola, foi jornalista e editor, com vasta produção em contos, novelas e romances de diversos gêneros. 
Diz a sinopse: "Durante a Grande Peste de 1665, uma aldeia é marcada pela devassidão e pelo medo. Seus habitantes vêem sua rotina desmoronar com a chegada de um forasteiro enigmático, um pregador severo que afirma trazer um aviso divino.Depois de um acontecimento traumatizante, uma terrível figura emerge: um ceifador misterioso, que avança pelo milharal balançando sua foice e espalhando a morte. Assombrado pelo pavor e pela culpa, a aldeia precisa encontrar um jeito de salvar a si mesma dos horrores deste impiedoso ceifador."
O ceifador negro ocupa o número 68 da coleção SRL; tem 70 páginas, tradução de Andrea Coronado e traz ainda uma biografia do autor. A capa tem uma ilustração de Deni Babadorky. 
Para fazer parte da Sociedade, basta formalizar o apoio na página do projeto, aqui.

quinta-feira, 20 de novembro de 2025

Resenha: Portal de Capricórnio, Ursulla Mackenzie

Portal de Capricórnio
, Ursulla Mackenzie. 218 páginas. 2.a edição. São Paulo: UICLAP, 2019. Edição original: Anadarco, 2012. 

Romance de estreia da escritora paulista Ursulla Mackenzie, originalmente publicado em 2012, quando a autora ainda assinava M. R. Olivieri. O exemplar a que tive acesso foi publicado em 2019 através da plataforma de edição por demanda UICLAP. Trata-se de uma mistura de romance planetário, ucronia e transmigração, mas podemos simplificar as coisas e classificá-lo como fantasia. 
Conta a história de Dru Ruver, uma jovem que durante as férias no litoral descobre um livro com mapas e ilustrações intrigantes que parecem sugerir a existência de um portal através do qual se poderia acesar um outro mundo, em tese, a própria Terra vinte mil anos no passado. Um grupo de cientistas se forma para uma missão de exploração desse portal, que fica no interior de uma casa no litoral de São Paulo. As informações do livro se revelam verdadeiras e o grupo é transportado para um deserto repleto de monstros e armadilhas. O grupo se desmantela e cada membro vai ter de enfrentar sozinho os perigos desse mundo estranho e surpreendente. Mas eles não estão realmente sozinhos ali. Um empreendimento político-militar já se instalou naquele lugar e seu sucesso vai trazer riscos para os dois mundos. 
Mackenzie afirma que a inspiração para a história veio do maravilhamento que experimentou durante uma viagem à Praia de Santa Rita, em Ubatuba/SP, onde a casa descrita no romance realmente existe, sem o portal do tempo, provavelmente. O título Portal de Capricórnio faz referência ao Trópico de Capricórnio, que passa exatamente pela cidade. O estilo da história é weird, na linha de Edgar Rice Burrougs em Uma princesa de Marte e Pellucidar, com toques de O senhor dos anéis, de J. R. R. Tolkien. 
O livro esta dividido em duas partes bem evidentes. A primeira narra a expedição ao passado até o retorno ao presente e traz maior quantidade de mistérios e surpresas, com uma introdução realista que reforça o estranhamento da história. A segunda parte conta sobre a volta dos protagonistas para uma segunda viagem ao passado que, por ser uma repetição, já não causa tanto impacto, mas é tecnicamente mais consistente que o trecho inicial. 
A opção pela viagem no tempo é tímida pois, fica evidente que não se trata de uma ucronia. Vinte mil anos não seria tempo o bastante para determinar as profundas mudanças descritas como, por exemplo, os contornos dos continentes que, nessa época, já eram iguais aos de hoje. Além disso, a maior parte das criaturas que surgem na história nunca existiu na Terra, sugerindo uma viagem a outro mundo ou, melhor ainda, a outra realidade, que traria significados mais profundos à trama.
Significativa também é a forma literária adotada, que não faz uso de recuos nos parágrafos nem de travessões nos diálogos. Nada que cause grandes dificuldades à leitura, que é leve, agradável e dá prazer. Várias pontas soltas deixam a sensação de ganchos para uma sequência futura, embora já tenham se passado muitos anos e a autora não deu sinal de pretender publicar alguma coisa nesse sentido. Mas, se vier, vou querer ler.

quarta-feira, 19 de novembro de 2025

Resenha: Quem teme a morte, Nnedi Okorafor

Quem teme a morte
(Who fears death), Nnedi Okorafor. Tradução de Mariana Mesquita. 521 páginas. São Paulo: Geração, 2014. Publicado originalmente em 2010. 

Quem teme a morte é romance New Weird afrofuturista da escritora nigeriana-americana Nnedi Okorafor, ganhador dos prêmios World Fantasy e Otherwise.
É possivelmente o primeiro romance publicado no Brasil sob a classificação de afrofuturista. Antes, até haviam os livros de Samuel R. Delany publicados nos anos 1960 e 1970, mas que não eram classificados assim então, bem como os contos de Octavia Buttler publicados na versão brasileira do periódico literário Isaac Asimov Magazine, na década de 1990. 
O cenário é o de uma sociedade medieval em guerra genocida. As pessoas usam tecnologias no dia a dia, como computadores e tablets, além de aparelhos que retiram água da atmosfera, visto que o planeta é dominado por um extenso deserto, resultado de um cataclismo ambiental cujos motivos foram há muito esquecidos. 
A história narra a vida trágica de uma jovem feiticeira mestiça nascida de um estupro e que, por isso, é vítima de preconceito em uma sociedade machista que vive sob o estigma de uma antiga maldição. Ela busca vingança do homem que estuprou sua mãe, ele também um feiticeiro poderoso, líder da nação inimiga. 
A característica mais evidente do livro é o foco no protagonismo negro, nem sempre tão evidente em outros autores ditos afrofuturistas. O texto é perturbador e impactante, com fortes contornos feministas, e o desfecho ambíguo exige a participação do leitor. Muitas coisas não são explicadas claramente, o que pode incomodar os leitores mais cartesianos. Decerto que concorrem ali muitos aspectos da cultura africana que podem escapar ao leitor que não compartilha deles. Os brasileiros até temos alguma vantagem nisso devido a nossa colonização africana mas, ainda assim, talvez não seja o bastante. A mim, confesso que escaparam muitas coisas. Mas talvez tais mistérios sejam porque Quem teme a morte é apenas o primeiro de uma série de romances, que conta ainda com The book of Phoenix (2015), She who knows (2024), One way witch (2025) e The daughter who remains (a ser publicado em 2026). 
Além dos prêmios a Quem teme a morte, Okorafor também ganhou os prêmios Hugo e Nebula por Binti (2016), e mais um Hugo e o Locus por Akata (2018), ambos traduzidos no Brasil pela editora Record.
Quem teme a morte é uma boa história e, de modo geral, lembra outro romance afrofuturista recente, Lua de sangue, de N. K. Jemisin (Morro Branco, 2022), por conta do extenso uso de magia e também do cenário desértico.
Quem teme a morte pode ser lido gratuitamente na biblioteca digital BibliOn.

terça-feira, 18 de novembro de 2025

Lançamento: Duetos–Duelos

Há algumas semanas, foi realizado o lançamento de Duetos-Duelos, coletânea com dez contos improvisados do escritor de ficção científica Luiz Brás (persona alternativa de Nelson de Oliveira) em parceria com diversos outros autores, muitos deles também diletantes do gênero. 
Diz a divulgação do volume nas redes sociais: "Literatura-jardinagem, literatura-desafio, literatura a várias mãos, desafiadas por Luiz Bras e com as irradiações tele-patafísicas de Sofia Soft."
Além de Brás, participam da seleta os escritores Leo Cunha, Roberto Causo, Braulio Tavares, Claudio Dutra, Santiago Santos, Whisner Fraga, Ademir Assunção, Celso Suarana, Tereza Yamashita e Ricardo Celestino. 
Duetos-Duelos é uma publicação da editora Abarca e pode ser encontrado aqui.

segunda-feira, 17 de novembro de 2025

Prêmio Odisseia 2025

Criado em 2019, o Prêmio Odisseia de Literatura Fantástica homenageia os favoritos de um júri composto por escritores convidados, dentre uma relação de obras publicadas no ano anterior especificamente inscritas para o certame. A edição 2025 anunciou seus vencedores aconteceu durante a Feira do Livro de Porto Alegre, no último dia 16 de novembro. 
Os jurados do Prêmio em 2025 foram Adriana Maschmann, Diego Mendonça, Duda Falcão, Gustavo Czkester, Irka Barrios, Ismael Chaves, Lu Aranha e Mario Pool Gomes. E os vencedores são: 
Projeto gráfico: 
Ricardo Celestino, O vazio e sei lá o que mais…, Necrose.
Quadrinho fantástico: 
Julio Wong, Kiko Garcia e Ser Cabral, À moda da casa, Kikomics e Antenor Produções.
Narrativa longa juvenil: 
Larissa Brasil, Mau Noronha e a Onça Cabocla, Independente.
Narrativa curta horror: 
Raquel Setz, Magic Help, Oito e Meio.
Narrativa curta fantasia: 
R. M. Albuquerque, Pocalina e os mortos que sonham, Independente.
Narrativa curta  ficção científica: 
Luis Felipe Mayorga, "Predações da Harpia-Açu", Literatura Fantástica vol.15.
Narrativa longa  horror: 
Iza Artagão, Legítima defesa, Rocket.
Narrativa longa  fantasia: 
Giu Domingues, Canção dos ossos, Galera Record.
Narrativa longa ficção científica: 
Fábio Fernandes, O Torneio de Sombras: As aventuras de January Purcell, Avec.
Artigo fantástico:
Nathalia Xavier Thomaz, "Histórias em quadrinhos: Uma arte antropofágica", Quadrinhos famintos: A 9.a arte como linguagem do limiar – FFLCH/USP.
Conto inédito:
Patrícia Baikal, "Os lírios também têm memórias".
Todos os contos participantes desta última categoria podem ser lidos no terceiro número da Revista Odisseia de Literatura Fantástica, publicação exclusiva do evento que foi distribuída aos presentes durante o evento. A versão digital da mesma, bem como das edições anteriores, podem ser baixadas gratitamente aqui. E a lista completa dos indicados pode ser lida aqui
Parabéns aos vencedores!

sábado, 15 de novembro de 2025

O despertar de Sophia, Tibor Moricz

Desde 2017, quando publicou o romance Dunya (comentado aqui), que o escritor paulista Tibor Moricz não apresentava um novo trabalho aos leitores. Há alguns meses, o autor publicou a coletânea Onde restar vida, haverá fome (2025, Tusitala), mas trata-se da republicação de Fome, seu livro de estreia lançado originalmente em 2008 pela Editora Tarja. 
Seu novo trabalho é O despertar de Sophia, novela de ficção científica publicada por iniciativa própria em formato ebook
Diz o texto de apresentação; "Sophia é uma estranha para si mesma. Enquanto luta para recuperar fragmentos de sua verdadeira identidade, forças sombrias trabalham para impedi-la. Em um jogo perigoso onde cada lembrança é uma peça de um intrincado quebra-cabeça mortal, Sophia precisa descobrir a verdade sobre quem é antes que o mundo que ela conheça se destrua."
O despertar de Sophia tem 123 páginas e está disponível aqui.

sexta-feira, 14 de novembro de 2025

Quem quer mais?

A editora Clock Tower, que há alguns anos tem se dedicado a formação de uma catálogo totalmente voltado a weird fiction, está consultando os leitores com relação ao interesse em reimpresões de dois de seus primeiros títulos. São as coletâneas de contos O mundo sombrio: Histórias e mitos de Cthulhu, de Robert Howard (320 páginas), e O mestre do oculto, de Arthur Machen (296 páginas). Ambas estão esgotadas, mas podem voltar se houver interessados suficientes. 
Para participar da pesquisa, acione o link nos títulos e responda aos forms registrando a sua opinião.